Escândalo do lixo: em Caxias, até caminhão fantasma era usado na coleta

Um mistério ronda a prestação do serviço de coleta de lixo em Duque de Caxias. Com quantos veículos a Locanty faz a limpeza — considerada ineficiente pela população — das ruas da cidade? Em 2011, a empresa mandou a relação para o Ministério Público, listando 142, entre eles: 53 caminhões compactadores, 62 caminhões basculante e sete tratores com reboque. O número até impressiona, se não fosse por um detalhe: após checar as placas, o MP concluiu que outros 20 veículos não estavam conforme o indicado pela empresa ou simplesmente não existiam.

O MP verificou alguns absurdos. A placa de um veículo que a Locanty dizia ser um caminhão compactador constava, na verdade, no sistema do Detran, como um Chevette ano 1983. Detalhe: este carro era dado como furtado. O caso se repetia inúmeras vezes na relação. Por exemplo: um caminhão basculante cuja placa apresentada era de um Gol 1000, ano 1994, também furtado.

Um veículo apontado como um outro caminhão basculante da frota da empresa tinha uma placa que constava como de um Fusca ano 1971 (de 40 anos de existência). E a placa de um suposto veículo roll on (que serve para içamento de plataformas e carrocerias) aparecia como a de uma moto.

Havia ainda na lista casos de caminhões cujas características, cadastradas no Detran, eram diferentes daquelas apresentadas pela Locanty ao MP. Um modelo de carroceria fechada foi apresentado como sendo um de caçamba aberta.





“Não é à toa que o serviço é tão precariamente prestado pela Locanty, em Caxias, eis que esta apresenta, aproximadamente, 20 veículos que não estão de acordo com o que foi indicado com suas características ou sequer existem (…). Muitos outros veículos da listagem são particulares, isto é, não pertencem à ré Locanty, não sendo possível afirmar que eles realmente estão prestando serviço referente ao contrato firmado com a prefeitura”, informou o promotor Guilherme Macabu, na ação civil pública proposta em julho.

Início

Em 2007, começa o contrato para coleta de lixo com a empresa Delta. Mas, em 14 de julho de 2011, alegando inadimplência da prefeitura, a Delta rescindiu o contrato, amigavelmente, ainda tendo parcelas a receber do governo municipal. A Locanty, que já vinha dividindo os serviços com a Delta, assume integralmente o contrato.

Reclamações

Em maio de 2011, o MP recebe as primeiras reclamações de moradores. Após a Locanty assumir, os problemas aumentam.

Licitação

A prefeitura abre nova licitação em 2011, e a Locanty, apesar dos problemas do contrato anterior, vence. O contrato começa en fevereiro deste ano.

Inadimplência

No começo do ano, a prefeitura deixa de pagar quatro meses à Locanty pelo serviço, considerado ineficiente, e agrava mais a situação.

Fonte: Jornal Extra





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