Em Duque de Caxias, aulas começam com 74 escolas sem água e abastecimento irregular

O ano letivo começa hoje em Duque de Caxias com os alunos enfrentando um desafio em que a resposta não está nos livros escolares. Boa parte dos 84 mil estudantes volta às aulas tentando superar a escassez de água nas escolas da rede municipal de ensino. Segundo a prefeitura, há 74 colégios, localizados em 11 bairros, que abrirão as portas com o abastecimento da Cedae irregular ou sem existir mesmo.

Pelo menos 21 escolas começam a funcionar completamente sem água na cidade de Duque de Caxias. Para amenizar a seca nas unidades de ensino, o município anunciou que alugou caminhões-pipa, que começam hoje a chegar aos colégios. Outras 53 escolas só não amanheceram desabastecidas porque receberam água no fim de semana. Segundo o prefeito Alexandre Cardoso (PSB), a Cedae ofereceu dois pontos de abastecimento gratuitos para os carros-pipa, nos bairros Centenário e Capivari.

— Há casos onde a água só cai uma vez por mês nas escolas. Também temos escolas que não são ligadas à rede da Cedae. Estou fazendo um convênio com a Cedae. A prefeitura não pagará pela água, que será gratuita. Vamos gastar apenas com o aluguel dos caminhões. Não dá para ter escola sem água — disse o prefeito, que ainda está levantando o total de gastos na operação de emergência.

Procurada pela reportagem, a Cedae disse que mantém relacionamento constante com a atual gestão da prefeitura municipal de Duque de Caxias e que está atuando para aperfeiçoar o sistema de atendimento para melhorar o fornecimento ao município. Segundo a empresa, obras como a duplicação da adutora da Baixada e a ampliação do sistema de abastecimento de Campos Elíseos, além da melhoria operacional da rede de Jardim Primavera, previstas para conclusão no segundo semestre deste ano, ajudarão a solucionar o problema.

Ainda de acordo com Alexandre Cardoso, dentro de dez dias haverá uma reunião com representantes da Cedae. O encontro servirá para estudar manobras necessárias para abastecer as escolas que estão sem água.





Para o prefeito de Caxias, problemas de infraestrutura na rede escolar, como a escassez de água e a falta de professores, podem ser a razão de o município ter alcançado no Estado do Rio de Janeiro apenas o 63 lugar no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica, de 2011, no segmento do 6º ao 9 anos do ensino fundamental.

— Sem água não dá para fazer educação de qualidade. Não tenho dúvida de que o Ideb está ligado à falta de infraestrutura. Temos um déficit, por exemplo, de professores de espanhol e geografia. Vamos estudar uma ação para resolver isso — afirmou Alexandre Cardoso.

No último sábado, um caminhão-pipa parou em frente à Escola Municipal Monteiro Lobato, na Avenida São Paulo, em Campos Elíseos. Foi a primeira vez desde o início de dezembro. Segundo a diretora da instituição, Vivian Fadel, os 1.300 alunos não recebiam água potável havia quase três meses e, mesmo antes disso, a distribuição era esporádica.

— Tivemos um fim de ano delicado. As aulas passaram a durar apenas meio período (duas horas) porque não havia água para fazer a merenda. Para a limpeza, tiramos água de um poço que temos. Já para beber, dependemos exclusivamente dos caminhões-pipa. Espero que a entrega se regularize nesse ano — disse a diretora.

A situação é parecida nas outras escolas da região. Luis Carlos Souza, de 38 anos, tirou seu filho Ruan, de 11, da Escola Municipal Manoel Reis, em Campos Elíseos. Um dos motivos foi a falta de água na instituição.

— O colégio fechava quando não tinha água. Dizer que meu filho tinha aula 15 dias por mês é exagero. Todo começo de ano a prefeitura manda caminhão-pipa, faz uma gracinha — disse Luis.

E o ano letivo não começará hoje no Ciep municipalizado Procópio Ferreira, em Nova Campina, devido ao ataque de ladrões que roubaram cabos de energia, e na Creche Vereador José Carlos Theodoro, em Saracuruna, que passa por obras.

Fonte: Jornal Extra





Deixe seu comentário