Crack: Duque de Caxias está em estado de alerta

O aumento do número de usuário de crack em Duque de Caxias já começa a preocupar as autoridades, sobretudo na área da saúde do município. São milhares deles espalhados em pelo menos cinco comunidades, onde o tráfico de drogas ainda é muito forte, a exemplo dos Complexos da Mangueirinha e do Lixão.

As cenas mais chocantes de viciados estão expostas diariamente sob as marquises no entorno do supermercado Prezunic, ao lado da rodoviária e das Favelas do Lixão (Vila Nova) e Vila Ideal, no coração econômico da cidade.

O formigueiro humano, envolve crianças, adolescentes e adultos de ambos os sexos, todos maltrapilhos. Também agressivos e desorientados, eles cheiram, fumam, ingerem bebida alcoólica, fazem suas necessidades fisiológicas e praticam sexo embaixo de cobertores, a qualquer hora do dia ou da noite.

Entorpecidos e vencidos pelo cansaço, eles caem em sono profundo, sobre camas improvisadas com caixas de papelão e folhas de compensado.

Habituada a ouvir “histórias dramáticas e desconcertantes” dos próprios usuários de crack, a diretora do Centro de Atendimento Psicossocial para Usuário de Álcool e Drogas (CAPS AD), Elisabeth Lousão, classifica o problema como “um câncer” que, segundo ela, está tomando conta, cada vez mais, da sociedade.

“Todos os viciados que nos procuram chegam aqui com algum tipo de psicosem esquecimento, agressivos, alguns com sintomas de tuberculose, reflexo da vida promíscua em que se envolvem depois que abandonam suas família”, diagnostica a diretora do CAPS.

Até o início desta semana, o órgão tinha 1.280 viciados cadastrados. “Pelo menos, 60% usuários de crack. Se nada for feito, nos próximos anos teremos pelo menos um usuário de crack em cada família”, prevê Elisabeth.





Atendimento na própria crackolândia

Além do CAPS AD, os usuários de crack também recebem atendimento do projeto ‘Consultório de Rua’, da Secretaria Municipal de Saúde. Eles são vacinados, fazem curativos, ganham preservativos e, se detectado problema mais grave, são encaminhados ao Hospital Moacyr do Carmo.

Na avaliação de Elisabeth Lousão, a questão do crack, em Caxias, se agravou nos últimos dois anos, porque não se tomou o devido cuidado. “É preciso investimento, abrigos, e equipes preparadas para lidar com o tipo de problema”, explica.

“Aqui, o usuário, toma banho, café, almoça e têm atividades. Mas, o que fazer depois que a gente fecha as portas, às 17h? Eles voltam para as ruas, não é mesmo”, observa.

Centro de tratamento do estado não saiu do papel

Em junho do ano passado, o então secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), Rodrigo Neves, se prontificou a alinhar com os prefeitos da Baixada a construção de um centro de tratamento para ajudar na reintegração dos usuários de crack. Mas, até agora, a promessa não saiu do papel.

Segundo o secretário de Saúde de Caxias, Danilo Gomes, o município não recebe verba do estado para o tratamento de usuários de crack. “O único apoio que chega à cidade para acompanhamento dos dependentes da droga, vem do governo federal e que é usado no CAPS AD”, se queixa o médico.

A assessoria do SEASDH informou esta semana, que o projeto está em fase de “processo final de conveniamento da instituição Maranatha”, que vai administrar o Centro, em Nova Iguaçu, para atender à Baixada Fluminense.

Fonte: O Dia





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