Histórias de Moradores de Duque de Caxias

Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar histórias e depoimentos dos Moradores da cidade.


História da Moradora:
Danielle de Ornelas Santos (Dani Ornellas)

Local: Rio de Janeiro
Publicado em: 02/10/2012

História: De Duque de Caxias à Baixada Fluminense


Sinopse:

Dani Ornellas nasceu em Duque de Caxias em um sítio com várias casas onde morava a família toda; sua mãe, inclusive, adotou três primos quando ela ainda era pequena. A mãe de Dani era faxineira da escola que mais tarde seria professora.

Em seu depoimento, ela fala sobre o acidente de ônibus que seu pai sofreu, relembra a vida na Baixada Fluminense e os passeios pela cidade do Rio de Janeiro quando era adolescente e teve maior contato com o universo musical. Em Suburbia, Dani interpreta Vera.

História

Minha mãe nasceu em Minas, na cidade do cinema, Cataguases, e meu pai em Campos. O meu pai trabalhava no Ministério da Saúde, como ascensorista. Depois passou a trabalhar no Banco do Brasil, mas eu não lembro a função dele. Minha mãe trabalhava como faxineira de escola. Meu pai teve uma história que uma vez ele foi pra casa almoçar - eu não era nascida - e caiu do ônibus, bateu com a cabeça no meio fio, perdeu a memória e foi internado como louco num Hospital Psiquiátrico. Levaram os documentos dele. Ele ficou sumido quase um ano, a família procurando, e ele fazendo tratamento de eletrochoque. Ficou internado e dizia: “Eu não sou louco, eu não lembro”.

Minha mãe encontrou ele depois de um ano. Ela voltou a estudar nesse período, procurando o meu pai, e terminou o Segundo Grau. Ele voltou a trabalhar como mestre de obra, meu pai desenha e constrói casas. Recuperou a memória e voltou pra família. Nossa casa foi mudando. Porque a família foi crescendo e meu pai precisou construir uma casa, no mesmo quintal, que era um terreno grande. A gente até brincava, chamava de “Quilombo dos Ornelas”, porque morava uma nêgada, a família inteira, e cada um com suas casas. E eu fui a caçula durante muito tempo e depois a minha mãe adotou três primos meus. Meu quintal tinha galinheiro, horta, árvore frutífera. Era o nosso refúgio. O portão ficava aberto, e a gente se frequentava, as pessoas se conheciam.

A Baixada Fluminense sempre teve violência, mas tinha poesia também. De poder brincar na rua, de decorar a rua pra festa junina, fazer bandeirinha, enfeitar na Copa do Mundo. Minha mãe voltou a estudar e se formou em História. Era faxineira de uma escola e um dia uma diretora falou pra ela uma coisa que ela não gostou: “Você nunca vai ser mais que isso”. Falou pra pessoa errada! Na mesma escola em que ela era faxineira ela entrou como professora, de primeira à quarta série. Ela falou que um dia ela chegou pro dono da faculdade e falou: “Eu passei e queria saber se você pode me dar uma bolsa”. Ele deu e ela falou: “Ainda não posso pagar”; “O quê que você sabe fazer?” “Eu sei cozinhar”, ele: “Tá bom, então a partir de hoje você vende as comidas da cantina”.

Ela foi a primeira pessoa da minha família a fazer faculdade. Eu passava o final de semana com a minhas primas, na casa da minha tia. “Tem que conhecer o mundo; sua mãe fica dizendo que você não pode sair, vai sair! Eu vou te levar”. Minha tia era pra frente, total. Tia Elza. Podia me jogar na noite, era bom. Sexta-feira eu, adolescente, ia embora. De lá ia pra todos os lugares, Copacabana, Irajá, Madureira. Era um universo muito mágico e muito lúdico de ritmos e cores, de pessoas lindas, montadas. Negros lindíssimos, com cabelos diferentes, Escola de Samba! Tocava funk melody, MC’s brasileiros e americanos, passinho de baile. Eu adoro dançar, danço até hoje, muito! Eu lembro que eu tinha uma roupa que achava linda.

Uma calça tipo Michael Jackson, meinha por cima da calça, sapato chamado “Nauru”, horrível. Mas era um cafona legal! Quando eu fui pro segundo grau, entrei pela primeira vez na minha vida em colégio particular. Não para a igualdade social. E agora no Suburbia, eu fiz teste pra Vera. E pra fazer a Vera eu tenho que iluminar muito a minha individualidade, porque ela tem uma agressividade grande. E eu acho que eu não sou assim, sou mais tranquila. A Vera recebeu a missão divina de organizar o mundo e eu não tenho essa missão. Ela é um furacão, e tudo que ela é, ela é mesmo!

 



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